Mensagem de boas vindas
É com uma ENORME alegria que anunciamos a data e o programa preliminar do Seminário sobre Gripe Aviária. Será no dia 3 de Novembro de 2022 entre as 8:45h e as 13:00h, no INIAV, em Oeiras, no auditório CAP.
ORADORES CONVIDADOS
Biografias e resumos das palestras
Maria Madalena Monteiro
Laboratório Nacional de Referência Saúde Animal, Laboratório de Patologia, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV)
Médica Veterinária. Responsável do setor de Anátomo‑Histopatologia do Laboratório de Patologia do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária – Polo de Oeiras.
Resumo
Infeção pelo vírus da gripe aviária do subtipo H5N1 de alta patogenicidade: quadro lesional
O primeiro foco de gripe aviária em Portugal foi diagnosticado em galináceos de uma capoeira doméstica no concelho de Palmela, em novembro de 2021, tendo sido identificado um vírus do subtipo H5N1 de alta patogenicidade (VGAAP). A doença, de elevada contagiosidade, alastrou a outras zonas do país afetando várias explorações intensivas de aves nas quais provocou elevada mortalidade e graves perdas económicas. Foi também identificada em aves silvestres, algumas delas migradoras (gansos).
As lesões macroscópicas resultam da ampla distribuição do vírus no organismo, mas a evolução aguda da doença pode reduzir a expressão lesional. Apesar de ser um vírus de distribuição pantrópica, as lesões mais frequentes são consequência da sua localização nas células endoteliais e epiteliais de que resultam fenómenos vasculares congestivo-hemorrágicos e lesões inflamatórias nas mucosas, mais evidentes nos órgãos do sistema respiratório. Em algumas aves observou-se ainda a formação de exsudados e a sua acumulação nas serosas. De salientar que a realização de necrópsias de aves de várias espécies permitiu constatar diferenças no quadro lesional, resultantes do tropismo variável do vírus nessas mesmas espécies.
As lesões microscópicas diferem quer em severidade quer em localização e consistem geralmente em alterações vasculares, focos de necrose e infiltração linfo-plasmocitária mais evidentes na traqueia, pulmão, baço e pâncreas. Pelo facto de o vírus exibir um acentuado neurotropismo as lesões de encefalite são frequentes.
Ana Margarida Henriques
Laboratório Nacional de Referência Saúde Animal, Laboratório de Virologia, INIAV
Ana Margarida Henriques é responsável pelo diagnóstico molecular e serológico de diversas doenças virais das aves, equinos e ruminantes. O seu trabalho de investigação em vírus de animais e zoonóticos tem-se focado principalmente no desenvolvimento de novos testes de diagnóstico molecular e serológico e na caracterização molecular e estudos filogenéticos de diversos vírus dos animais.
Resumos
Gripe: particularidades do vírus da gripe aviária
Ana Margarida Henriques, Teresa Fagulha, Fernanda Ramos
A gripe aviária é uma doença infeciosa viral, normalmente assintomática em aves selvagens, que se pode propagar a aves domésticas e causar surtos em larga escala. Alguns dos vírus da gripe aviária podem atravessar a barreira da espécie e causar doença fatal em humanos, o que constitui uma grande preocupação a nível global. Em novembro de 2021 foi registado o primeiro caso em Portugal de gripe aviária do subtipo H5N1 de alta patogenicidade em aves domésticas.
Diagnóstico da gripe aviária no Laboratório Nacional de Referência
A Gripe Aviária é uma doença viral de declaração obrigatória, que obriga a uma vigilância apertada para uma rápida deteção do vírus em circulação. O diagnóstico laboratorial é uma peça essencial para a confirmação de uma suspeita de Gripe Aviária, que conduz à implementação de várias medidas de controlo da infeção na exploração afetada.
Renata Carvalho
Divisão de Epidemiologia e Saúde Animal, Direção de Serviços de Proteção Animal, Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV)
Licenciada em Medicina Veterinária pela Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Técnica de Lisboa em 1993 e Mestre em Ciências Farmacêuticas ( Assuntos Regulamentares de Medicamentos e Produtos de Saúde) em 2007 pela Faculdade de Farmácia de Lisboa. Iniciou funções como técnica superior no Serviço de Desenvolvimento Agrário da Ilha do Faial, Açores em 1993. Em 1995 inicia funções como inspetora sanitária de aves na então Direção Regional de Agricultura da Beira Litoral e em 2002 transita para a Divisão de Intervenção Veterinária de Viseu onde trabalha na área do licenciamento de estabelecimentos avícolas. Em 2004 ingressa no LNIV, no Serviço de Contrastes e, em 2008 inicia funções na Unidade de Diagnóstico das EETs, onde permanece até ao final de agosto de 2017. Desde setembro de 2017 desempenha funções de técnica superior na Divisão de Epidemiologia e Saúde Animal da Direção de Serviços de Proteção Animal da Direção Geral de Alimentação e Veterinária, nomeadamente nas áreas da vigilância e controlo das EETs e vigilância e contingência da gripe aviária e doença de Newcastle.
Resumo
Gripe aviária – vigilância e situação epidemiológica em Portugal e na Europa
Portugal implementa, desde 2003, um programa de vigilância para a gripe aviária abrangendo aves de capoeira e aves selvagens. Atualmente este programa é executado de acordo com as regras previstas no anexo II do Regulamento Delegado 2020/689 da Comissão e, no caso das aves de capoeira, é constituído por uma componente de deteção precoce ou vigilância passiva bem como por uma componente de vigilância ativa em certas categorias de aves. No que se refere às aves selvagens, o programa baseia-se apenas na vigilância passiva, através da testagem de aves encontradas mortas, doentes ou feridas. Até ao final de novembro de 2021 apenas tinha sido confirmado um único caso de infeção por vírus da gripe aviária de alta patogenicidade (GAAP), em janeiro de 2017, numa garça-real encontrada morta no concelho de Loulé, Algarve. No dia 30 de novembro de 2021 detetou-se o primeiro foco de infeção por vírus da GAAP do subtipo H5N1 em aves domésticas, numa detenção caseira de aves em Palmela. Desde então foram confirmados mais 30 focos de GAAP, dos quais 12 foram identificados em aves selvagens e 18 afetaram aves domésticas. A situação epidemiológica desta doença em Portugal enquadra-se no âmbito da maior epizootia de GAAP registada, até à data, no continente europeu, durante o período compreendido entre outubro de 2021 e o final de setembro de 2022 na qual foram detetados 6227 focos de infeção que afetaram 37 países.
Raquel Guiomar
Laboratório Nacional de Referência para o vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios, Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA)
Raquel Guiomar, responsável pelo Laboratório Nacional de Referência para o vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), integra a Comissão Coordenadora da Rede de Vigilância das Doenças Respiratórias Virais (DNCC) do Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC). Esta estrutura tem como objetivo fornecer aconselhamento ao ECDC sobre matérias relacionadas com as doenças respiratórias virais. É ainda responsável pela componente laboratorial dos estudos para a estimativa da efetividade das vacinas contra a gripe e COVID-19, coordenados pelo Departamento de Epidemiologia do INSA.
Resumo
Programa Nacional de Vigilância da Gripe e a deteção de vírus da gripe de origem zoonótica
O vírus da gripe é uma das maiores causas de morbilidade e mortalidade em todo o mundo, afetando um elevado número de indivíduos em cada ano. Adicionalmente o vírus da gripe infecta também outras espécies animais podendo alguns dos vírus com origem zoonótica originar vírus com potencial pandémico para a população Humana. A epidemiologia dos vírus da gripe na população Humana está associada a padrões de circulação cíclicos nas regiões temperadas. No hemisfério norte as epidemias geralmente ocorrem entre janeiro e abril, enquanto que no hemisfério sul se verifica a maior atividade do vírus da gripe entre os meses de maio e setembro. À escala mundial a atividade do vírus da gripe é detetável ao longo de todo o ano. Em Portugal a vigilância epidemiológica da gripe é assegurada pelo Programa Nacional de Vigilância da Gripe (PNVG), através da integração da informação das componentes clínica e virológica, gerando informação detalhada relativamente à atividade gripal. O PNVG tem como objetivos a recolha, análise e disseminação da informação sobre a atividade gripal, identificando e caraterizando de forma precoce os vírus da gripe em circulação em cada época bem como a identificação de vírus emergentes com potencial pandémico e que constituam um risco para a saúde pública. O diagnóstico laboratorial do vírus da gripe constitui um indicador precoce do início de circulação dos vírus influenza em cada época de vigilância e assegura a especificidade deste sistema. O diagnóstico laboratorial da gripe realizado no âmbito do PNVG permite monitorizar e detetar os vírus da gripe Humanos sazonais dos subtipos A(H1N1)pdm09, A(H3N2) e influenza B, mas também detetar vírus de origem zoonótica que possam infetar o Homem e que constituam ameaça pandémica. O Laboratório Nacional de Referência para o Vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios do INSA, IP integra o grupo de gestão da gripe das aves de alta patogenicidade e o desenvolvimento do Plano de prevenção e resposta articulada para a gripe aviária. O laboratório do INSA, no âmbito das suas competências, realiza o diagnóstico laboratorial e a pesquisa de vírus da gripe aviários e de origem animal em casos Humanos, bem como a realização do diagnóstico diferencial de outros agentes virais respiratórios em situação de deteção de focos de gripe aviária no território animal. Através de metodologias de biologia molecular e de sequenciação genómica é realizada a caraterização dos vírus da gripe aviária detetados em território nacional constituindo informação crucial para a monitorização e investigação de surtos, bem como para o controlo da transmissão. Os dados da vigilância da gripe nacionais são integrados nas redes de vigilância das infeções respiratórias europeias, coordenadas pela Organização Mundial de Saúde e Centro Europeu para o Controlo e Prevenção de Doenças permitindo uma análise global da situação epidemiológica e a monitorização da deteção de vírus de origem zoonótica.
PROGRAMA
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Horarios | Quinta-feira, 3 Novembro | |||||
08:45-09:00 |
Sessão de Abertura (Presidente da SPCV/Presidente/Vogal INIAV)
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09:00-09:40 |
“Infeção pelo vírus da gripe aviária do subtipo H5N1 de alta patogenicidade (VGAAP): quadro lesional” Madalena Monteiro - Laboratório Nacional de Referência Saúde Animal, Laboratório de Patologia, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) |
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09:40-10:20 |
“Gripe: particularidades do vírus da gripe aviária” Margarida Henriques Mourão - Laboratório Nacional de Referência Saúde Animal, Laboratório de Virologia, INIAV |
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10:20-11:10 |
“Diagnóstico da gripe aviária no Laboratório Nacional de Referência” Margarida Henriques Mourão - Laboratório Nacional de Referência Saúde Animal, Laboratório de Virologia, INIAV |
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11:00-11:30 |
Coffee break |
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11:30-12:10 |
“Gripe aviária – vigilância e situação epidemiológica em Portugal e na Europa” Renata Carvalho - Divisão de Epidemiologia e Saúde Animal, Direção de Serviços de Proteção Animal, Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) |
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12:10-12:50 |
“Programa Nacional de Vigilância da Gripe e a deteção de vírus da gripe de origem zoonótica” Raquel Guiomar, Laboratório Nacional de Referência para o vírus da Gripe e Outros Vírus Respiratórios, Departamento de Doenças Infeciosas do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) |
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13:00 | Encerramento | |||||
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Auditório CAP no INIAV: INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária, I.P. |
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